quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Síndrome da Banda Ilio-tibial


A banda ílio-tibial é uma faixa espessa de tecido fibroso que se inicia na crista ilíaca (o bordo lateral do osso da bacia) e se vem inserir lateralmente ao joelho, na parte superior da tíbia. As fibras do músculo tensor da fáscia lata e algumas fibras do glúteo inserem-se na banda iliotibial, e esta actua coordenando a função muscular e estabilizando o joelho durante a corrida.
A síndrome da banda iliotibial é uma lesão de esforço que consiste na inflamação ou irritação da porção distal do banda iliotibial, provocada pela fricção desta contra o côndilo femoral lateral, quando o joelho é dobrado a mais de 30o. É muito frequente em corredores, principalmente os que fazem longas distâncias, obrigando o joelho a repetidas flexões/extensões.
Outros factores que predispõem a ocorrência desta lesão incluem a falta de flexibilidade da banda ílio-tibial, que pode resultar num aumento da tensão durante a fase de apoio da corrida, a rotação interna excessiva da tíbia, o joelho varo e o pé plano.

Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor durante a flexão ou extensão do joelho, agravada, quando se pressiona a inserção da banda ílio-tibial, na parte lateral do joelho.
  • Dor na parte externa do joelho (ou em torno do epicôndilo lateral do fémur) agravada durante a actividade física.
  • Tensão na faixa iliotibial, diminuição da amplitude de movimento de abdução da coxa.
  • O paciente também pode relatar um ruído repetitivo, referido como um “estalo” no joelho ao caminhar ou correr.

Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e exame atento da banda ílio-tibial são geralmente suficientes para diagnosticar a síndrome da banda ílio-tibial. O teste de Thomas e o teste de Ober são duas manobras que podem ser úteis na avaliação da flexibilidade dos músculos que se inserem na banda iliotibial. Uma ecografia ou RM podem ser pedidas para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da lesão.

Tratamento

          Neste caso o tratamento de eleição é a prevenção. Sobretudo em atletas é fundamental manter alguns hábitos que evitem que esta condição se desenvolva.
Descanso. Se a sua prática desportiva inclui correr por pisos irregulares ou fazer demasiados agachamentos, certifique-se de que tem o tempo suficiente para descansar entre treinos.
Aplicar gelo para reduzir qualquer inflamação pontual.
Alongamentos da banda ílio-tibial, após o treino.
Técnicas de auto-massagem também podem ser muito úteis na diminuição da tensão excessiva da banda ílio-tibial.
               
Quando o processo inflamatório já está instalado, o tratamento em fisioterapia consiste em:
  • Repouso relativo, diminuindo a quantidade de exercício ou de treino,
  • Calor superficial, aplicado antes e durante o alongamento por pelo menos 5-10 minutos, e alongamento antes do exercício,
  • Gelo após a actividade. Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
  • Ionização ou aplicação de ultrasons

Depois da fase inflamatória inicial (2 a 3 dias) o fisioterapeuta irá incorporar no tratamento:
  • Aconselhamento ao atleta sobre as modificações a fazer no programa de treino de forma a ter resultados mais rápidos com o tratamento.
  • Corrida e ciclismo devem ser diminuídos ou evitados, para diminuir o esforço repetitivo sobre a banda ílio-tibial.
  • Avaliação da biomecânica do paciente durante a caminhada e corrida e deve prestar-lhe assistência na obtenção de calçado mais adequado, palmilhas ou órtoteses sob medida para corrigir a falha mecânica que pode estar a causar os sintomas.
  • Incorporar técnicas adequadas de alongamento na rotina do paciente exercício.
  • Massagem de mobilização dos tecidos moles. Antes de mobilizar os tecidos, o fisioterapeuta pode realizar um tratamento de ultrasons para aumentar o fluxo sanguíneo local e preparar o tecido a ser esticado. 
  • Programa de exercícios a realizar no domicílio, que continue a melhorar a força e a resistência do quadril e joelho, bem como as costas e abdominais. Uma vez que o paciente seja capaz de realizar todos os exercícios de fortalecimento sem desconforto, poderá regressar gradualmente à prática desportiva.


Exercícios terapêuticos para a síndrome da banda ílio-tibial

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma síndrome da banda ílio-tibial. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.


Alongamento activo da cadeia posterior
Deitado, com um elástico na ponta do pé, com a coxa e joelho dobrados a 90o. Mantenha a tensão no elástico enquanto estica o mais possível o joelho, puxado a ponta do pé para si. Mantenha a posição durante 20 segundos.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.


 Alongamento activo do tensor da fascia lata
Em pé, com a perna a alongar cruzada atrás da outra. Empurre a anca no sentido da perna a alongar.
Mantenha a posição durante 20 segundos.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma. 


 Fortalecimento isométrico do quadricípite
Sentado, com a perna estendida e um rolo sob o joelho. Esprema e o rolo e solte suavemente, enquanto sente a contracção imediatamente acima do joelho.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

Orchard JW, Fricker PA, Abud AT, Mason BR. Biomechanics of iliotibial band friction syndrome in runners. Am J Sports Med. 1996 May-Jun;24(3):375-9.
Fredericson M, Wolf C. Iliotibial band syndrome in runners: innovations in treatment. Sports Med. 2005;35(5):451-9.


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