quarta-feira, 22 de maio de 2013

Fisioterapia no meio aquático

Entrevista com:
Fisioterapeuta Maria da Conceição Graça

P.: A maior parte das pessoas tem conhecimento da fisioterapia no meio aquático pelas classes de hidroterapia em grupo. Pode resumir-nos as diferenças entre estes dois conceitos e indicar algumas condições clínicas em que a fisioterapia no meio aquático tenha indicação terapêutica?

Existe equivalência nos dois termos, apenas que fisioterapia em meio aquático define o profissional que exerce a terapia aquática. E nesse sentido o diagnóstico clínico do utente deveria definir o profissional que faz a terapia.
No caso dos sintomas serem dor, disfunção motora ou músculo-esquelética, alterações reumatológicas ou sequelas neurológicas deveria-se encaminhar o utente para um fisioterapeuta. 

P.: Uma fonte de discórdia entre muitos profissionais de reabilitação é saber se a fisioterapia no meio aquático é benéfica ou não para casos de artrose dos membros inferiores. Terá o efeito “anti gravítico” da água vantagens no alívio dos sintomas de artrose da anca e joelho?

Os estudos científicos tem provado que o efeito da gravidade na cartilagem degenerada agravam o quadro, assim como os movimentos repetidos. Por outro lado, biomecânicamente está provado que o meio aquático tem um efeito de descarga articular que pode diminuir o desgaste articular no meio aquático e dada a variabilidade de movimento pela instabilidade do meio, só se pode afirmar que é um meio rico em estímulos para ativar e desencadear um reforço muscular e treino proprioceptivo . 

P.: Os problemas vasculares e de pele são por vezes um impedimento para a prática de atividades numa piscina aquecida. Em que condições clínicas é de todo contraindicada a fisioterapia em meio aquático?

A terapia aquática não tem contraindicações à exceção de feridas abertas, pela possibilidade de o seu portador adquirir uma infecção num meio rico em microbiologia variada. 
A questão está nas condições uniformes dos meios aquáticos, demasiado quentes e contaminados em piscinas terapêuticas e demasiado frios e desconfortáveis em piscinas desportivas. A verdade é que depende do objetivo terapêutico, no caso de terapia pelo movimento para condicionamento cardiovascular a temperatura deverá ser mais baixa (30º-31º), no caso de pessoas com problemas de contraturas, hipertonia que precisam relaxar e estão incapacitadas de exercícios vigorosos a temperatura deveria ser mais elevada (32º-34º). Sobre controlo de infecção, os avanços na engenharia já desenham piscinas com tratamentos à base de Ultravioletas que têm um controlo adequado à microbiologia do meio que, com outras medidas estratégicas, resultam em vantagens perfeitas para utentes e fisioterapeutas. Não nos esqueçamos que estes profissionais são sujeitos ao meio durante a imersão do seu utente.

P.: Pode dar-nos o exemplo de um caso clínico em que a fisioterapia em meio aquático tenha assumido um papel preponderante no processo de reabilitação?

No próximo dia 12 de junho haverá o 1º Seminário de Estudos de Caso em Terapia Aquática, que de certo validará intervenções baseadas na Evidência. No meu caso, como amante desta modalidade terapêutica, é através dos casos neurológicos e de geriatria que me elevo pelos resultados obtidos na promoção da saúde, bem-estar e qualidade de vida com impacto no seu condicionamento físico e prevenção de quedas.



Maria da Conceição Graça

Fisioterapeuta Especialista no Hospital Dr. Francisco Zagalo de Ovar
Mestre em Gerontologia na UA
Doutoranda de Fisioterapia na Fadeup 

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