domingo, 4 de dezembro de 2016

Um caso raro de rutura do Músculo Longo do Adutor

O adutor longo é um músculo longo e relativamente estreito, de forma triangular. O músculo tem origem no ramo superior do osso púbico e insere-se na parte média da linha áspera do fémur. As fibras musculares são estreitas na origem e espalham-se mais para a inserção.

O ramo anterior do nervo obturador inerva este músculo. E a sua função é a adução, rotação externa e anteversão da articulação da anca.

As ruturas subtotal ou total do músculo adutor longo são raras, mas esta lesão deve ser incluída no diagnóstico diferencial em pacientes com dor crónica na virilha ou lesões anteriores.

Um achado importante é uma história de trauma antes do início da dor na região da virilha. Uma descoberta física comum é a presença de um inchaço no lado interno da coxa.

Um mecanismo de trauma típico é uma sobrecarga excêntrica causada por abdução forçada durante a contração do grupo músculo adutor. Foram também descritas combinações com extensão e endorotação.

Um diagnóstico diferencial importante é a hérnia inguinal estrangulada, que causa dor aguda na região da virilha. Uma diferença importante nesse caso é a ausência de trauma.

Apresentação de caso clínico


Um homem de 32 anos apresentou-se no hospital com dor e falta de força na virilha e na região proximal da coxa direita, com início há três meses.

Os sintomas tinham começado durante um jogo de futebol. Depois de chutar a bola com o pé direito, sentiu uma dor aguda na virilha e na coxa. Ao mesmo tempo, experimentou uma sensação de “estalo/rasgar" na parte superior da coxa.

Após a lesão, foi incapaz de continuar a jogar. Não tinha história de dor na virilha ou problemas no adutor antes desta lesão.A fisioterapia intensiva após o incidente não deu alívio das suas queixas.

No exame físico não se observou inchaço ou hematoma. A amplitude de movimento de ambas as articulações da anca estava normal e sem dor.

Durante a contração dos adutores contra resistência houve uma massa palpável na região proximal da face interna da coxa, com uma depressão imediatamente a seguir, no sentido distal. O teste dos isquiotibiais não apresentou anormalidades.

Radiografias convencionais da pélvis e anca direitos não apresentaram anormalidades ósseas. A ressonância magnética (RM) revelou uma região de hipersinal intramuscular no adutor longo, com comprimento craniocaudal de 4,2 centímetros. Não houve retração do músculo.

Com base nos achados clínicos e na ressonância magnética o diagnóstico foi feito: uma ruptura intramuscular do adutor longo.

Tratamento conservador foi iniciado, consistindo em fisioterapia focada no alongamento do músculo seguido de treino de força. Após oito semanas, as queixas tinham desaparecido e o paciente tinha retomado a jogar futebol.

Quatro anos mais tarde, o paciente apresentava um inchaço persistente no lado interno da coxa sem dor.
O exame de RM adicional mostrou hipersinal subtil em imagens ponderadas em T1 na zona da rutura anterior do adutor longo, sem quaisquer anormalidades estruturais. Os achados foram discutidos com o paciente e nenhum tratamento adicional foi iniciado.

Pouco se sabe sobre o tratamento de uma ruptura isolada do adutor longo. Em outras lesões intramusculares, por exemplo, ruturas dogastrocnémio, o tratamento conservador é a primeira escolha de tratamento. A cura ocorre entre as 3-6 semanas com reabilitação acompanhada. Reserva-se as intervenções cirúrgicas para pacientes com complicações, como o aparecimento de miosite ossificante ou, na fase aguda, haver uma síndrome do compartimento agudo associada.


van de Kimmenade RJvan Bergen CJvan Deurzen PJVerhagen RA. A rare case of adductor longus muscle rupture. Case Rep Orthop. 2015;2015:840540.

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